História do Carnaval de São Paulo

O Carnaval de São Paulo é uma tradiconal festa carnavalesca que ocorre todos os anos na cidade de São Paulo. O desfile das escolas de samba paulistas ocorre no Sambódromo do Anhembi, projetado pelo renomado arquitetoOscar Niemeyer, que também projetou o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro. O desfile do Grupo Especial das escolas de samba de São Paulo acontece na sexta-feira e no sábado da semana do carnaval.

 

História

Depois do desembarque do entrudo em terras brasileiras, a festa, que viria a se tornar o Carnaval, desenvolveu-se de forma diferente nos diversos lugares em que floresceu: na Bahia, de forma ligada aos fortes ritmos africanos; no Rio de Janeiro, já desde muito cedo organizado em sociedades, o embrião das futuras Escolas de Samba; em São Paulo, objeto do verbete, sob forte influência das populações que migravam do campo para a cidade, já no contexto da crise da economia cafeeira. Foi a população resultante do êxodo rural causado pela crise do café que desencadeou o início do Carnaval paulistano.[1]

As comemorações carnavalescas e o próprio samba diferiam pouco do Rio de Janeiro para São Paulo, exceto por uma nítida diferença de andamento, ou seja, a grosso modo, de velocidade, de tempo da música. O sambista paulista, acostumado à árdua lida nas lavouras de café e migrando para a cidade para o trabalho operário, fazia o que Plínio Marcos denominou de "samba de trabalho, durão, puxado para o batuque", contrastando com o lirismo e a cadência do samba carioca. Além disso, o samba paulistano era decisivamente influenciado por outros ritmos fortemente percussivos, como o jongo-macumba, também conhecido por caxambu. Data dessa época o início da relação entre o Carnaval e o direito: a repressão policial sofrida pelos sambistas, feita de forma dura e descriteriosa. Os sambistas, não só no Carnaval, mas durante todo o ano, eram vistos como vagabundos, marginais que eram duramente perseguidos pelas autoridades.

O surgimento do Carnaval paulistano ocorrido da forma descrita determina que a origem geográfica das manifestações de samba em São Paulo esteja ligada às zonas fabris, o que de certa forma explica que duas das mais tradicionais Escolas de Samba paulistanas da atualidade estejam localizadas em bairros de concentração operária: a Vai - Vai, na Bela Vista, e a Camisa Verde e Branco, na Barra Funda.

A tradição carnavalesca paulistana, além do chamado "Carnaval de Rua", consistente em bailes e brincadeiras populares pelas ruas da cidade, era centralizada na figura dos cordões, entre os quais destacavam-se justamente o Vai-Vai e o Camisa Verde e Branco. A festa nas ruas e os desfiles de cordões ocorriam paralelamente e em harmonia, compondo o quadro cultural paulistano. Data de 1934 a primeira intervenção da Prefeitura Municipal de São Paulo no Carnaval, promovendo o primeiro desfile carnavalesco dos cordões existentes à época. Os cordões por longo tempo definiram a musicalidade da população operária paulistana, e neles é que se desenvolvia o samba paulistano.

Na década de 50, começaram a surgir as primeiras Escolas de Samba, claramente inspiradas nas sociedades de mesmo nome existentes do Rio de Janeiro. Os desfiles organizados entre tais entidades eram dominados pelas tradicionais Escolas de Samba Lavapés, Unidos do Peruche e Nenê de Vila Matilde, as mais antigas Escolas de Samba paulistanas, sendo está última a mais antiga. O primeiro desfile realizou-se no Ibirapuera, em 1955.

O marco definitivo das implicações jurídico-administrativas do Carnaval é a sanção, pelo Prefeito José Vicente Faria Lima (carioca, nascido em Vila Isabel e apreciador de samba), da Lei nº 7.100/67, destinada a regular a promoção do Carnaval pela Prefeitura Municipal de São Paulo, e regulamentada pelo Decreto nº 7.663/68. Essa lei, juntamente com a criação da Secretaria de Turismo e Fomento e as atividades por esta promovidas, encontrava-se num contexto de ampliação da atuação cultural da Municipalidade. Ainda como consequência desta política, foi idealizada no ano de 1968 e criada no ano de 1970 a Anhembi Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo S/A, (hoje chamada de SPTuris) sociedade de economia mista de capital aberto, que atualmente tem 77% de suas ações em propriedade da Prefeitura Municipal de São Paulo. A Anhembi teria, no futuro, papel de destaque nas transformações pelas quais passou o carnaval paulistano.

A edição da lei acima referida iniciou o fenômeno denominado "oficialização do Carnaval". Embora aparentemente extremamente bem intencionada, a atuação da Prefeitura revelou-se desastrosa do ponto de vista cultural. Isso porque, embora o parágrafo único do artigo 1° da lei estipulasse vários investimentos públicos em infra-estrutura para acomodar festejos em vários pontos da cidade, além de instituir verbas e premiações, na prática os recursos foram destinados unicamente a organizar o desfile das Escolas de Samba, decretando, pela falta de incentivo e recursos, o fim dos cordões e da ligação do Carnaval paulistano com suas raízes culturais. Os cordões que sobreviveram tiveram de se submeter à lógica dominante a partir de então e se transformaram em Escolas de Samba (como os já citados Vai-Vai e Camisa Verde e Branco). Também fazia parte da "oficialização" a organização das Escolas de Samba em uma entidade representativa, a UESP – União das Escolas de Samba de São Paulo, que atualmente organiza as divisões inferiores dos desfiles carnavalescos.

Em decorrência disso, em 1968, ocorreu o primeiro desfile oficial das Escolas de Samba, realizado na Avenida São João, tendo se sagrado campeã a Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, com o enredo "Vendaval Maravilhoso", que falava sobre Castro Alves. A partir daí, e com o apoio da Prefeitura Municipal de São Paulo, que optou por dirigir sua atuação e captar capital privado por meio de sua entidade de administração indireta, a Anhembi S/A, o Carnaval não parou de crescer. Em 1977 o desfile foi transferido para a Avenida Tiradentes, onde eram construídas arquibancadas que comportavam (ainda que com pouca infra-estrutura) trinta mil pessoas.

Em 1986, a organização das Escolas de Samba passou a ser feita nos moldes atuais, com a fundação da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo – LigaSP. A LigaSP, de certa forma, substituiu a UESP, porém sem extingui-la, uma vez que a representação das agremiações tornou-se bipartite: as Escolas do Grupo Especial e do Grupo de Acesso (respectivamente a primeira e a segunda divisão) eram representadas pela LigaSP acima aludida; as Escolas dos grupos inferiores, bem como os blocos, pela UESP, que deixou de representar todas as Escolas como fazia desde a sua fundação. Em 1990, a Prefeita Luiza Erundina sancionou a Lei nº 10.831, que, de acordo com sua emenda "oficializa o Carnaval da Cidade de São Paulo, revoga a Lei n° 7.100/67, e dá outras providências". Esta lei acomete à Prefeitura, por meio do artigo 3°C/c artigo 2°, II, a responsabilidade de organizar o Carnaval, por meio da Anhembi S/A. A lei também reconhece e institucionaliza a representação das Escolas de Samba por meio de entidades associativas, que, desde 1986, funcionava da maneira acima descrita.

A lei n° 10.831/90 desencadeou a última mudança de endereço dos desfiles de Carnaval, que se deu em 1991, quando passaram a ser realizados no Polo Cultural Grande Otelo, uma grande passarela de mais de quinhentos metros construída na Avenida Olavo Fontoura, e popularmente conhecido por Sambódromo do Anhembi. Este local, de propriedade da Anhembi S/A, sedia os desfiles desde então, e nele ainda são realizados diversos eventos das mais variadas naturezas.[1]

Temos, dessa forma, que a atuação administrativa da Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio de leis e decretos, e de seu órgão de administração indireta, interagindo com fatores históricos, sociológicos e antropológicos, determinou a forma atual do Carnaval paulistano, inclusive determinando o abandono de suas raízes culturais e musicais.

A partir de 2006 passou a vigorar dois títulos no Carnaval paulistano. O primeiro e mais importante título é o do Grupo Especial das Escolas de Samba, o outro título, passou a ser disputado apenas pelas escolas ligadas a torcidas organizadas de clubes de futebol, casos da Mancha Verde (ligada ao Palmeiras) e Gaviões da Fiel (ligada ao Corinthians), nascia assim o Grupo Especial das Escolas de Samba Desportivas. A intenção em 2006 era realizar apenas esse Grupo de Escolas Desportivas quando houvesse duas ou mais agremiações ligadas a clubes disputando o Grupo Especial do Carnaval, mas em 2007, mesmo com a presença apenas da Mancha Verde no Grupo Especial, o título foi mantido, dando o bicampeonato a torcida do Palmeiras, que levará o primeiro título desse novo grupo em 2006. Em 2008 o Grupo Especial das Escolas de Samba Desportivas deixará de existir, fazendo com que Gaviões da Fiel e Mancha Verde voltem a disputar com as outras escolas o título do Grupo Especial no carnaval 2008

 

Carnaval de 1950 até hoje

No início da década de 50 o carnaval de São Paulo era pequeno, a escola que mais se destacava era a SRBE Lavapés que ganhou muitos títulos na época, mas essa invencibilidade de 15 anos foi quebrada no ano do IV Centenário de cidade, pela Escola de Samba Brasil de Santos. No ano de 1954, a Brasil de Santos foi convidada pelas escolas de São Paulo, graças a uma rixa que existia, de quem possuía o maior carnaval do estado, em termos de escola, e o que foi comprovado com a chegada da Brasil de Santos, fato que se repetiu em 1955 num empate com a Garotos do Itaim Paulista, em 1956 dois fatos que marcaram o Samba Paulista, o nascimento da Unidos do Peruche. E nesse mesmo ano as vencedoras num empate ferrenho vieram da Zona Leste, com a Garotos repetindo o caneco junto com a Nenê de Vila Matilde, nesse mesmo ano a "Águia Guerreira", (apelido carinhoso que os integrantes da Nenê chamam a agremiação), apresenta o primeiro samba-enredo, e um enredo construído na história de São Paulo. No ano seguinte foi a vez da Unidos do Peruche inovar, traz o primeiro casal de Mestre Sala e Porta Bandeira no Carnaval Paulistano. Entre 1958 à 1960 a Nenê conquista um tri-campeonato..

Durante a década de 60 mostra um crescimento várias agremiações, as de mais destaque no cenário paulistano são Unidos do Morro de Vila Maria (hoje Unidos de Vila Maria), e Unidos do Morro da Casa Verde, (hoje Morro de Casa Verde), ambas presididas por Xangô e Zeca da Casa Verde. No ano de 1965, o carnaval da o primeiro passo a profissionalização… com a adesão de Moraes Sarmento, os desfiles passam a ser transmitidos por rádio, e ganham o respeito das instituições de cultura da cidade, até que em meados de 1967, o então prefeito Faria Lima, regulariza os desfiles para a Avenida São João, e assina a lei que torna a festa oficial, sendo então cuidada pela Secretaria de Turismo. Nos primeiros 3 anos mais um tri-campeonato da Nenê de Vila Matilde.

Na década de 70, chega escolas "novas", a primeira foi a Mocidade Alegre, antes um bloco, presidida por Juarez da Cruz, passa por todos os grupos inferiores até que em 1971, recém-chegada ao Grupo 1, vence o carnaval e se torna tri-campeã, surpreendendo a velha guarda do samba paulista. Num jeito corsino de evolução, mais apresentando uma técnica completamente nova na construção de alegorias e fantasias, foi uma referência durante os anos em que venceu. O ano de 1972 foi marcante pela morte definitiva dos cordões: Vai-Vai, Camisa Verde e Branco, Paulistano da Glória, Fio de Ouro não recebem mais apoio da prefeitura, e graças ao reconhecimento pela grandiosidade no segmento que elas então participavam, as maiores campeãs (Vai-Vai, Camisa Verde e Branco e Fio de Ouro), recebem um convite para participar do desfile principal de escolas, e já no primeiro ano todas elas surpreendem, a ponto do Camisa Verde e Branco, acabar com a série da Mocidade Alegre, e beliscar um tetra-campeonato entre 1974-1977, e a partir daí o que se viu foi um domínio das escolas corsinas, em 1978 com o enredo " Na Arca de Noel, Quem Entrou Não Saiu Mais ", o Vai-Vai vence em 1978, conquistando seu primeiro título entre as escolas. Em 1979, com o excelente samba "Almondegas de Ouro", o Camisa Verde e Branco novamente se torna campeão, ratificando assim, o título de maior escola de samba da década de 1970. Outro fato que marcou foi a troca de passarela, saindo do Centro da cidade, passando para a Avenida Tiradentes em 1977. A pista então passava a ser maior com 732m, e mais larga, forçando as escolas a "ziguezaguear" durante os desfiles, marcando um jeito de evoluir bem paulistano. Outra vitória do Carnaval paulista veio durante o programa Fantástico da TV Globo, a Paulistano da Glória em 1978 vence o "1º Concurso Nacional de Sambas-Enredo", com "Epopeia da Glória", composto por Geraldo Filme, talvez um dos maiores compositores de samba do país. Já em 79 o concurso é vencido novamente por São Paulo, dessa vez com a representação da Nenê de Vila Matilde, com "Treze, Rei, Patuá". A década de 1970, mais uma vez marcou com a chegada da Sociedade Rosas de Ouro, escola do bairro da Vila Brasilândia, que nos anos 80 se firmaria como uma potência.

Na chegada dos anos 80, a Mocidade Alegre vence com o enredo "Embaixada, Sonho de Bamba", um dos maiores sambas da história, vence as eliminatórias paulistas do Fantástico, e foi apresentado ao país todo, nesse mesmo ano marca a primeira aparição de uma garota de 19 anos ao microfone de uma pequena escola da Zona Leste, ela é Eliana de Lima, que puxa a escola Príncipe Negro da Vila Prudente. Mas não se deixem enganar, a primeira puxadora de samba em São Paulo foi Ivonete da Acadêmicos do Peruche, e logo após em 1977 aparece outra grande puxadora, Bernadete na Acadêmicos do Tatuapé. Em 1981 e 1982, a Vai-Vai, é campeã de forma incontestável, talvez sendo um pouco ofuscada pela Nenê de Vila Matilde, que traz sambas épicos nesses dois anos "Axé, Sonho De Candeia" em 81 e "Palmares, Raiz da Liberdade" em 82, chegando ao vice-campeonato com este último, 82 também marca a chegada de Dom Marcos, como puxador da Cabeções da Vila Prudente, e Royce do Cavaco, auxiliando Tunicão, na Rosas de Ouro.

O ano de 1983 é marcado pela vitória da Rosas de Ouro, num ano em que a chuva foi o fator que marcou, a "Roseira", balançou a Tiradentes, com o enredo "Nostalgia", cantando São Paulo antiga o presidente Eduardo Basílio, como estigma de sorte abandona enredos africanos e aposta na linha de fazer carnavais tipicamente paulistanos. Durante esse ano, a escola Flor de Vila Dalila, no seu primeiro ano traz o samba "Exaltação ao Criador", famosíssimo entre os sambistas da cidade, e graças a aceitação popular, conquistou um surpreendente 7º posto. E novamente a Nenê, grande rival da Flor de Vila Dalila, traz um samba que se torna um dos hinos do Carnaval de São Paulo. "Gosto é Gosto E Não Se Discuti" foi aclamado pelo público e crítica, e ajudou a escola a emplacar umas das melhores trilogias de sambas do carnaval paulistano.

Em 1984, o que marca é a novamente a Rosas de Ouro, com o enredo que contava a história da Faculdade de Direito do Largo São Francisco em São Paulo, a escola chega ao bicampeonato. Talvez esse seja o ano mais disputado da história do samba paulista, onde na disputa tranquilamente poderíamos ter 6 escolas brigando cabeça a cabeça pelo título, o que engrandeceu mais ainda essa conquista da Rosas de Ouro. Mas o samba em si, não teve grande aceitação popular, o samba mais cantado daquela noite foi o da União Independente da Vila Prudente, que trazia como tema Elis Regina.

Outro fato que marcou 1984, foi a recém-chegada Águia de Ouro, com carros imensos, contando a história do Teatro, e com a promessa Royce do Cavaco, a escola foi muito aplaudida, a ponto de ser apontada até como favorita, mais pouco compreendida e sofrendo um claro boicote por ser uma novata caiu, que até hoje é motivo de protesto lá pelas bandas da Pompeia.

O ano seguinte (1985), uma surpresa, a Secretária de Turismo, Anhembi e UESP, se unem junto as entidades que promovem a festa no Rio de Janeiro, e promulga " O Vencedor do Carnaval Paulista vai desfilar no Rio de Janeiro". A correria foi geral, o luxo tomou conta de todas as escolas, houve um esforço tremendo de todos, e a campeã foi a Nenê de Vila Matilde, acabando assim com a fila que durava 15 anos e se torna a primeira e única escola paulistana a desfilar na Sapucaí, e com muito mérito, pois até aquele ano a Nenê era a escola com mais títulos do carnaval de São Paulo, havia conquistado 10 até o momento. Mas aquela noite, talvez o que ninguém saiba, é que a aclamada da noite foi a Barroca Zona Sul, escola criada por Pé Rachado, grande baluarte do samba paulistano, ex-presidente da Vai-Vai. Com o enredo "Chico Rei - O Esplendor de Uma Raça", o fator que tirou o título da escola foi o atraso no tempo, que tirou 6 pontos, e afastou qualquer possibilidade de campeonato. Outra curiosidade foi a Unidos do Peruche, que tira Eliana de Lima da Barroca Zona Sul, e com o samba "Água Cristalina", conquista o Brasil e vence o concurso do Fantástico.

Em 1986 a campeã é a Vai-Vai e surge ali Thobias da Vai-Vai, um fenômeno. Talvez a notícia triste ficou por conta da cisão que as agremiações tiveram com a UESP, em uma briga entre Eduardo Basílio, Chiclé do Vai-Vai, Inocêncio Thobias e Seu Nenê surge a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, muda-se o nome do desfile principal, que passa a se chamar Grupo Especial. Nenê de Vila Matilde e Unidos do Peruche, ficam na UESP, mais perdem muita força entre as grandes, ficando para segundo plano.

Em 1987, fica marcada a safra genial de sambas, e o aparecimento de agremiações como Acadêmicos do Tucuruvi e Colorado do Brás (que chegou em 1986), a disputa mais uma vez é grande, Unidos do Peruche aparece com um jeito novo de evoluir ( o jeito que hoje se evolui), larga a mão do "zigue-zague", traz alegorias e fantasias fora do padrão paulistano, graças ao intercâmbio que o presidente Walter Guaríglio fazia constantemente ao Rio de Janeiro, Camisa Verde e Branco com a ousadia do Mestre Divino traz a "Bateria de um surdo só", copiando fielmente a Mangueira, a Mocidade Alegre, chegou com o samba mais bonito da história cantado na primeira pessoa "50 Anos de Comunicação - Moraes Sarmento" e a Vai-Vai e a Nenê de Vila Matilde sambaram muito e tiveram seus sambas cantados e aceitos pela crítica. Mais a campeã no detalhe foi a Vai-Vai, graças a uma falha que tirou o título do Camisa Verde e Branco, onde uma alegoria se quebrou em frente a cabine de julgamento de alegoria.

No ano do centenário da abolição, se estudou um tema único para todas as escolas, mais a idéia não foi para frente causando um alívio geral aos carnavalescos das escolas. Em 1988 ficou marcado o crescimento absurdo da Unidos do Peruche que traz para a passarela paulistana, o maior intérprete da história Jamelão. Outros fatos que marcaram muito foi a Colorado do Brás, que com o maior samba depois de "Narainã - A Alvorada dos Passáros" do Camisa Verde em 77, vem sem alegorias, somente com seu abre-alas e alguns tripés, cantando "Quilombo Catôpes do Milho Verde - De Escravo, A Rei da Festa", Flor de Vila Dalila, que traz ao microfone Carlinhos de Pilares, o já consagrado intérprete carioca. A Nenê de Vila Matilde traz naquele ano um dos sambas mais amados pela sua comunidade, "Zona Leste Somos Nós" falava sobre a região que a escola representa, região mais populosa e pobre da cidade, mas a escola teve mudanças, contratou Chuveiro no lugar de Armando da Mangueira, que na escola da Zona Leste estava desde 1979, tendo passagem entre 1968 até 1975, onde foi para a Unidos do Peruche reeditar a parceria que fazia com Jamelão na década de 60. Camisa Verde e Branco, traz pela última vez, "Dona Sinhá", que muito doente faz questão de desfilar pela escola, a escola é a primeira a trazer alegorias iluminadas à "Luz Neon" em São Paulo. Com o enredo " Boa Noite São Paulo - Um Convite Para Amar", a escola belisca um tri-vice. Já que o caneco vai para a Vai-Vai, fazendo um desfile arrebatador, e perfeito com o tema "Amado Jorge - A História da Raça Brasileira"

Em 1989, ouve mais uma vez um assombroso salto, mais não de todas escolas, mais especialmente de uma…Unidos do Peruche. A escola vinha a anos fazendo intercâmbios no Rio de Janeiro, crescendo desde 1985, em 1989 ela atinge o apogeu com "Os 7 Tronos dos Divinos Orixás", contando com ícones como Joãosinho Trinta, Laíla e Jamelão, a escola causa talvez o maior impacto que a Avenida Tiradentes já viu, com alegorias grandiosas, e uma qualidade sem igual em fantasia, a Peruche foi soberana a ponto de todas as escolas que vieram a seguir não passar de 278,00 pontos, de tão tamanha que foi a superioridade. Vindo como franca favorita, ela perde para um forte conjunto do Camisa Verde e Branco, e por falhas de Jamelão, que pouco acostumado com o nosso carnaval, atrapalhou-se alguma vezes durante o desfile prejudicando assim a trajetória da escola. A outra surpresa da noite fica por conta da Leandro de Itaquera, que ao chegar do Grupo 1, traz Eliana de Lima e o enredo "Babalotim, a História dos Afoxés". O samba e a bateria foram o ponto alto do desfile, e a interpretação da puxadora Eliana de Lima desse samba que é um primor de composição, considerado um dos melhores da história do carnaval.

O ano seguinte foi marcado pelo fator tempo, assim como em 1983, choveu quase a noite toda, e o que se viu, foram escolas do calibre de Nenê de Vila Matilde, passar um dos piores momentos da sua história, com problemas de bastidores com o carnavalesco Antônio Carlos, a escola na hora de tirar as alegorias do barracão, encontra 2 carretas na saída, como resultado a escola fica em 8º lugar a 1 ponto do rebaixamento. Outros fatos marcantes foram o desfile plano da escola Pérola Negra, a chegada da Gaviões da Fiel e o primeiro empate da era moderna do nosso carnaval. Mostrando uma grandiosidade nas escolas de calibre como Rosas de Ouro, Unidos do Peruche e Vai-Vai, agremiações que trouxeram alegorias gigantescas e bem feitas, brigaram ponto a ponto… A Camisa Verde e Branco que corria por fora acabou empatada com a escola de Eduardo Basílio e levou o caneco.

Para 1991, ficou reservada a estreia do Sambódromo do Anhembi, construído as pressas pela Prefeita Luiza Erundina, mal iluminado, e com algumas arquibancadas tubulares e de madeira, a pista era menor com cerca de 521m, e mais larga em relação a passarela antiga, fica estipulado o fim de 1h e 20min de desfile, e passa a ser em 1h e 10min. Outra mudança foi o fim do quesito Letra do Samba, que assim juntava-se com melodia e se tornava Samba-Enredo. A estreia ficou por conta da Passo de Ouro, que em 1997 se fundia com a X-9 Paulistana, mais 1991, foi marcado mais uma vez pelo salto em qualidade das escolas, talvez a maior evolução daquela noite ficou claro no desfile de Nenê de Vila Matilde com Tito Arantes de carnavalesco, e pela Leandro de Itaquera com Pedrinho Pinotti, ambas escolas da Zona Leste vieram com alegorias grandes e bem acabadas, mais o azar ficou por conta da escola da Vila Matilde que pegou um verdadeiro "pé d'água", que prejudicou muito o desfile, e o mais interessante e que a chuva parou no fim do desfile da escola. Já a Leandro teve sua melhor colocação no grupo especial até hoje, um 4º lugar. As favoritas da noite eram Vai-Vai, Rosas de Ouro que trazia o enredo "De Piloto de Fogão, a Chefe da Nação", homenageando as mulheres e a escola Camisa Verde e Branco que trazia o tema "Combustível da Ilusão", alusão a Cerveja, correndo por fora veio a escola Leandro de Itaquera, mostrando um crescimento muito rápido. O resultado foi um empate entra Camisa e Rosas novamente.

Para 1992 fica abolido o sistema de sorteio por qualificação sendo que somente a vice-campeã do acesso, caso de Colorado do Brás, a azarada foi a Rosas de Ouro, que ainda teve que pegar a arquibancada fria, mais não foi bem isso que vimos ao longo do desfile. Na maior homenagem que a nossa cidade recebeu no carnaval a Rosas tira Tito Arantes da Nenê, e com o enredo Non Dvcor Dvco - Qual é a Sua Cara? a escola canta um dos sambas mais lindos de toda história de nosso carnaval e de remate, emociona toda passarela, com uma evolução perfeita e excelente conjunto de fantasias, a escola fica com um merecido campeonato, apesar de ter problemas nas notas. Escolas como Camisa Verde e Branco e Nenê de Vila Matilde, reclamaram muito esse título, a ponto de Seo Nenê rasgar notas, e o Camisa ir a justiça.

Em 1993 houve várias mudanças em relação a estrutura do Sambódromo, começa as obras nas arquibancadas A, os setores C,D e E passam por reformas, e trocado os refletores,e a pista fica mais iluminada. Chegadas do acesso vem Imperador do Ipiranga, que não participava desde 1988 e Acadêmicos do Tucuruvi, não houve rebaixamento em 1992 graças aos problemas com as notas, a LIGA decide manter Colorado do Brás e Barroca Zona Sul. As trocas foram a saída de Osvaldinho na Nenê, para o cargo de carnavalesco chega Renato, a Gaviões conta com Raul Diniz, Pedrinho Pinotti sai da Leandro de Itaquera e vai para a Colorado. No microfone aparece Serginho K.T na Imperador, Djalma Pires na Tucuruvi, Armando da Mangueira, Márcia Ynaiá e Dom Marcos na Nenê. A Barroca traz um grupo de pagode para o microfone o Arte Final. Sendo assim o ano fica marcado por vários fatos, o primeiro acontece na Imperador, com uma série de problemas no transporte dos carros até o Anhembi, muitas alegorias desfilam com problemas, a escola que deveria vir com 10 alegorias vem com 6, a Mocidade Alegre, que traz um argentino para o cargo de carnavalesco, cantando sobre o Líbano, também tem problemas, como resultado a escola tenta afastar as grades que marcam o tamanho certo da avenida, causando briga entre os diretores de harmonia da escola com outros diretores das diversas escolas. Mais com um samba muito bonito e de melodia perfeita a escola perde o título graças a uma punição, a Gaviões da Fiel, mostra pela primeira vez, sinais de sua grandeza, com uma comissão extremamente luxuosa, e com alegorias bem acabadas, contando a história da chave ao longo dos tempos, a escola perde também por detalhes, Camisa Verde, Rosas e Vai-Vai novamente apontam como favoritas. Como resultado um empate entre Vai-Vai e Camisa, rivais no passado, cantam junto no estacionamento do Anhembi !

Em 1994, ficará marcado para sempre no nosso samba, por inúmeros fatores, o primeiro a saída de Thobias da Vai-Vai. Desde 1986 no microfone da escola, ele briga com diretores e fica sem cargo para 1994. A chuva torrencial que caiu no Anhembi, causando infinitos problemas a todas agremiações, e a indefinição dos pontos, mais de 70% das escolas tiveram descontos. E támbem contamos com JURADOS VIP, Ronaldo Ésper, Pedro de Lara entre outros, avaliam nosso desfile. De tão confuso sobem para este ano duas estreantes Unidos de São Miguel e Primeira da Aclimação, uma traz Gogó do Gato no microfone e Mestre Lagrila no comando da bateria, e a outra traz um conhecido das Eliminatórias mais desconhecido do público geral até então Lello Garoto.

No começar dos desfiles chega a Unidos do São Miguel, uma escola enorme da Zona Leste mas que nunca havia conseguido desfilar com as maiores da cidade, com um belo samba, e fantasias com um relativo luxo, faz uma boa estreia. A Primeira da Aclimação, cantando o Vinho faz um dos piores desfiles da história, com alegorias extremamente ruins, mal feitas, e fantasias terríveis, a escola contou somente com a garra, a bateria teve vários erros a ponto de no fim do desfile o presidente vir as lágrimas. A terceira a desfilar é a Unidos do Peruche, com um enredo que contava a história da visita de Xangô ao Reino de Oyó, a escola sofre com um verdadeiro dilúvio, perde vários carros ao longo da passarela, praticamente começa a se desintegrar pela avenida, estoura o tempo e perde 14 pontos, causando a indignação do presidente Osmar. A Mocidade Alegre, traz para a avenida o apelo pela junção dos povos latinos americanos, mais uma que conta com infinitos problemas, carros deixados na concentração e muitos problemas de harmonia. Chega talvez uma das mais prejudicadas naquele ano a Leandro de Itaquera, fazendo um desfile de raça, canta o Tietê, passa inteira na avenida, sem problema algum, com belas fantasias e uma primorosa apresentação de Eliana de Lima, mais graças ao pouco entendimento dos jurados vip, que tinham tendência a ajudar as escolas mais tradicionais, a Leandro nem se quer brigou pelo título, merecendo ao menos um 3º lugar a escola fica em 5º muito distante da 4ª Mocidade Alegre. Tentando re-editar a apresentação de 1993, onde fez uma apresentação maravilhosa alcançando uma vaga no desfile das campeãs a Acadêmicos da Tucuruvi, vem com o enredo falando das Calçadas da Lapa, sem abre alas, integrantes vem segurando as letras no lugar do carro, com uma evolução completamente estranha, onde os integrantes não ocupavam toda a avenida, a escola praticamente cava o pior desfile de toda história da era Anhembi, com apenas 2 carros desfilando (Onde o Previsto era 7). A próxima era a Rosas de Ouro, cantando Sapoti, o desfile foi marcado pelas alegorias incompletas, muito integrante desfilando sem fantasia completa, a troca de ordem das alas, dois carros quebrados, leva o título sem merecer, contou com a sorte das notas 10 dadas pelos "Jurados Vip". A Camisa Verde e Branco, traz o enredo falando sobre o sonho do povo em ser sempre jovem, mais uma escola que conta com alegorias quebradas, e muitas falhas gerais, fica num 3º lugar muito contestado. A polêmica maior fica por conta da Vai-Vai, com alegorias se desfazendo pela pista, erros graves de Agnaldo Amaral, atravessadas da bateria a escola canta Inã-Gbé, perde 17 pontos por estouro de tempo, apresentar risco de vida ao público com a comissão de frente soltando chamas (tentando né, graças a chuva não foi possível) a escola é claramente beneficiada por uma jogada momentos antes da apuração ao ver a Barroca sendo punida com 2 pontos, e se salvando de um rebaixamento por 0,5 ponto. A 10º a ir para a pista é a Nenê de Vila Matilde, a escola leva uma relativa sorte, por pegar apenas uma garoa durante o desfile, outro fator sorte foi a de vir sem plumas, mais toda em acetato, o que ajudou no fator chuva a única falha, foi não ter apresentado o enredo no tempo certo, perdendo 2 pontos. Chega num sexto lugar muito contestado, prejudicada também pelos "Jurados Vip". A 11ª a ir para a pista é a Barroca Zona Sul, contando com um céu azul, após uma noite de chuva a escola tem um revés triste, a Porta Bandeira 1 desfila sem pavilhão, com um conjunto muito simples, mereceria o rebaixamento em causas normais, mais foi claramente prejudicada por uma jogada de bastidores, onde foi punida por 2 pontos por um dos merendeiros estar sem a camisa de identificação da escola. Rebaixamento até hoje muito contestado no mundo do samba Por ultimo fechando a noite vem Gaviões da Fiel com o dia plenamente claro, a escola conta a história do Fumo ao longo dos tempos, traz um conjunto lindo, belas fantasias e harmonia impecável, foi prejudicada por um jurado que deu 6 em harmonia, tirando a expectativa de título. Até hoje integrantes protestam muito e dizem que os verdadeiros campeões de 94 foram eles! A lição que se tirou de 94 foi grande, a primeira foi a construção de alegorias, que deixaram de ser construídas somente sobre os eixos, começou a se usar chassis para a estrutura. A 2ª foi o uso de materiais melhores e mais resistentes a água. A partir de 94, as punições começaram a ser pequenas, e foi revisto todo regulamento.


Em 1995, a Gaviões da Fiel Torcida ganha seu primeiro título com um dos sambas enredo com reconhecimento "Coisa boa é pra sempre" que falava sobre a infância. A Gaviões emocionou o Brasil todo com o samba e o desfile, que é tido como um dos maiores da história do carnaval de São Paulo. Outra escola que emocionou a avenida foi a Nenê de Vila Matilde, que vinha mordida dos últimos anos, e cantou "Eu Te Amo", levando o Anhembi ao delírio no amanhecer. O problema é que a escola entrou com muito tempo de atraso, pois a Liga disse tocou o alarme avisando que o desfile da escola havia começado, mas que os componentes não ouviram porque a bateria estava tocando muito alto. Ao permanecer por cerca de metade do tempo hábil de desfile esperando para entrar na avenida, a Nenê perdeu muito tempo, mas conseguiu terminar o desfile no tempo correto. A escola prejudicada pela correria e terminou só com um 6º lugar, mas com certeza brigaria com a Gaviões pelo título daquele ano. Outro fato importante foi o surgimento de uma novata, X-9 Paulistana, que anos depois entraria para o grupo das grandes.

Em 1996, a Vai-Vai ganhava mais um título com "A rainha, a noite transforma", falando sobre a rainha da noite - Lilian Gonçalves. O título deste ano foi incontestável com uma grande apresentação da Escola da Bela Vista. O outro fato importante do ano foi a queda do Camisa Verde que assustou o mundo do samba, a escola teve problemas dentro e fora da avenida, e acabou sendo rebaixada. O destaque cômico foi para a Nenê, que tinha planos ambiciosos de entrar com a maior águia no abre-alas de todos os seus carnavais, mas as asas da ave (de 6 metros cada uma) acabaram se perdendo no caminho, e a águia entrou na avenida sem asas.

1997 foi o ano da novata antes citada, estando só desde 95 no Grupo Especial a X-9 Paulistana, com "Amazônia, a dama do universo" ganhou seu primeiro título, título para alguns merecido e para outros contestável, pois aquele ano foi um ano de grandes desfiles por parte de duas das mais tradicionais escolas de São Paulo, Nenê e Vai-Vai. A escola da Zona Leste trouxe para a avenida "Narciso Negro" que é tido como um hino para os negros da cidade de São Paulo, e um dos grandes sambas da escola, mas ficou com o terceiro lugar. Falando sobre Minas Gerais e a Inconfidência Mineira, a Vai-Vai também sacudiu a avenida, e abocanhou um vice-campeonato.

O carnaval de 98 teve como grande vencedora a Vai-Vai, com "Banzai Vai-Vai", relativo aos 90 anos da Imigração Japonesa para o Brasil. É tido com o maior desfile da história da escola até o momento. O Camisa naquele ano voltava ao grupo das grandes, e falando sobre a Fotografia chegou ao 3º lugar, mostrando a força da escola da Barra Funda.A Mocidade, com o enredo "Essas Maravilhosas Mulheres Ousadas" e um desfile ousado chegou ao 4º lugar. Já a Nenê mordida de 97, fez uma homenagem a Estação Primeira de Mangueira, a grande rival de sua madrinha Portela, no Rio de Janeiro. Com direito a bateria de um surdo só e velha-guarda da verde e rosa, a escola chegou ao vice-campeonato.

O carnaval de 99 foi o maior até então. Mas, no geral duas escolas se destacaram, Vai-Vai e Nenê novamente. A escola da Bela Vista cantou "Nostradamus" e com um desfile de forte impacto visual, conhecido como "o desfile das caveiras", a escola chegou ao título. A Nenê arrastou a arquibancada falando sobre seus 50 anos, e saiu como grande favorita, liderou a apuração, mas perdeu no quesito alegoria por causa de uma escultura quebrada. A surpresa ficou por conta da Gaviões da Fiel, que acabou dividindo o título com a Saracura, e sobrou para a Nenê a terceira colocação.

No Carnaval de 2000, numa proposta inovadora até então: a história do Brasil foi dividida em 14 partes, e cada escola contaria uma parte. O Carnaval teve duas campeãs novamente: Vai-Vai (que ganhou o tri) com "Vai-Vai Brasil" relativa ao período de 1985-2000, e X-9 Paulistana com "Quem é você? Café", relativo ao período do ciclo do café. Num carnaval disputadíssimo, a Vai-Vai que encerrou os desfiles no segundo dia levantou o público e com um desfile perfeito levou o caneco mais uma vez. Já a X-9 fez um desfilo técnico, e tipo como frio, mas chegou ao seu objetivo. Destaques daquele ano Gaviões e Leandro. Esta última saiu como grande favorita, o que despertou o sonho na comunidade da Zona Leste de ganhar o primeiro título tão esperado, mas a escola perdeu nos últimos quesitos, e a derrota ocasionou a saída da intérprete Eliane de Lima.

O Carnaval de 2001 foi até então o maior. Com duas campeãs, Vai-Vai (tetra) e o grande destaque do ano, a Nenê. Depois de 4 carnavais batendo na trave, a escola quebrou um jejum de 15 anos. A saracura falou de luz, e a Nenê cantou a participação do negro na história levantando a arquibancada no final do primeiro dia. Destaques do ano vão para Leandro de Itaquera, que levou uma serpente de mais de 100 metros para a avenida, o que prejudicou a evolução da escola, dando a ela só um 8º lugar, e Tucuruvi que fez um desfile aclamado por toda a cidade, falando sobre o nosso carnaval, mas que teve problema com um carro ao final de desfile, que ficou no meio da passarela, tirando a possibilidade de chegar ao desfile das campeãs e ao título. Gaviões e Rosas fizeram desfiles bem elogiados pela crítica, já a Mocidade teve um dos melhores sambas do ano mas não agradou.

Em 2002, a Gaviões venceu o Carnaval com o enredo "Xeque Mate", com o destaque para o Camisa, que ganhou o vice-campeonato com um enredo sobre o número 4, levando a festa para a Barra Funda. Nenê, Rosas e Leandro também foram bem elogiadas nesse ano. Chegava ao Grupo Especial um destaque dos anos seguintes, a Unidos de Vila Maria.

Em 2003, a Gaviões venceu e conquistou o bicampeonato, com o enredo "As Cinco Deusas Encatadas na Corte do Rei Gavião", que falava sobre as cinco regiões brasileiras. Um dos destaques para esse ano foi o empate entre a Águia de Ouro e a Império de Casa Verde, ambas ficariam entre as escolas que cairiam. Como não havia critérios de desempate até então, foi decidido que nenhuma cairia, passando São Paulo ter 16 escolas de samba. Mas o grande destaque do ano foi a Mocidade que fez um desfile que ajudou a reescrever a história do carnaval paulistano. Falando sobre a água, a escola da Zona Norte levantou o público e levou o vice, depois de alguns anos de baixas colocações. A Leandro de Itaquera gerou polêmica ao trazer em uma jaula no abre-alas encenações de sexo. O Camisa Verde também foi destaque com um grande desfile que levou a arquibancada ao delírio.

Em 2004, uma surpresa, o Império de Casa Verde com seu enredo "O Novo Espelho de Narciso. Um Delírio Sobre os Heróis da Mitologia Paulistana", conquistava um expressivo terceiro lugar, a frente de escolas tradicionais e favoritas naquele ano, como a 4ª colocada Nenê e a 5ª colocada Rosas. A Gaviões da Fiel conseguiu um feito inédito: ser rebaixada após um bicampeonato, por causa de um dos episódios mais trágicos do carnaval paulistano, uma quebra assustadora de um carro. Quem venceu foi a Mocidade Alegre, falando sobre São Paulo (tema único), com o enredo "Do Além-mar à Terra da Garoa… Salve esta gente boa.", um dos desfiles tidos como o mais aclamado da história por público e crítica. Outro destaque foi a Imperador do Ipiranga, que teve um samba considerados um dos melhores do carnaval da São Paulo até então.

Em 2005, um ano de surpresas, o histórico samba-enredo do Império de Casa Verde "Brasil: Se Deus é por nós, quem será contra nós", que falava sobre o fim do mundo mas com alguma esperança, deu para a escola seu primeiro e inesperado título do carnaval paulistano. Ganhou polêmica devido a uma "apologia ao crime", quando em um de seus carros tinha uma escultura do bicheiro e patrocinador da escola: Francisco Plumari Júnior, mas conhecido como Chico Ronda, falecido no ano anterior. Outra surpresa ficou por conta do Rosas de Ouro, que foi um dos grandes destaques daquele ano. Apresentando "Mar de Rosas", um dos grandes desfiles do carnaval da cidade, a escola amargou inexplicavelmente o 7º lugar. Vila Maria também foi destaque e surpresa com seu primeiro grande desfile no Grupo Especial. Mocidade emocionou mas não levou, falando sobre Clara Nunes. Outra surpresa ficou por conta da Nenê, que também apontada como favorita levou somente o 9º lugar, pior colocação da história da escola até o momento. Mas a maior surpresa veio da Bela Vista. O Vai-Vai que saiu como franca favorita ao título (ao lado do Rosas), falou sobre a imortalidade. A escola do Bixiga arrastou o público mas amargou um quinto lugar, o que causou revolta na sua comunidade, que se negou a desfilar nas campeãs. Os resultados desse ano causaram uma briga entre os presidentes de Império e Vai-Vai ao final da apuração.

Em 2006, veio o bicampeonato do Império, com o enredo "Do Boi Místico ao Boi Real - De Garcia D'Ávila ao Nelore - O Boi que come capim - A Saga pecuária do Brasil para o Mundo". O título foi contestado por muitas agremiações e críticos, pois até erro de português no samba-enredo nota 30 foi encontrado. Vai-Vai novamente levanta a multidão e leva o vice. Mocidade Alegre emociona, é favorita mas fica com o terceiro. O destaque da escola naquele ano foi a Rainha da Bateria Nani Moreira, famosa em todo o Brasil por suas performances, acabou pegando fogo na avenida e teve queimaduras graves, mas continuou sambando até o final. Nenê que prometia alegorias grandiosas, teve problemas com peso e uma quebra sequencial de 4 carros levou a escola ao 11º lugar. Para diminuir o número de escolas para o ano seguinte, a Liga decide rebaixar 4 escolas, entre elas 3 grandes, Leandro, Camisa e Gaviões. A Leandro apresenta um samba tido como um dos melhores, mas faz um desfile médio, e num carnaval disputadíssimo acaba caindo. O tradicional Camisa, emociona o público, mas leva um nota 8,5 de bateria, o que acaba rebaixando a escola. A Gaviões da Fiel é rebaixada novamente, e novamente em último lugar. A Mancha Verde desfilou na desportiva, sendo campeã e única no gênero, mas faz um dos desfiles mais emocionantes da era sambódromo.

Em 2007, o bi-campeão Império faz um desfile triunfal com o enredo "Glórias e Conquistas - A Força do Império está no salto do Tigre", apostando no luxo e gigantismo a escola é tida como favoritíssima ao título do ano, mas amargou um quinto lugar. A Unidos de Vila Maria conquista seu melhor resultado em toda sua história: um expressivo 2° lugar com o enredo "Vila Maria: Canta, Encanta com a minha história… Cubatão a rainha das serras". Com um desfile que emociona o público e conquista a crítica a Vila perde por pouco. O vencedor foi a Mocidade, com o enredo "Posso ser Inocente, Debochado e Irreverente… Afinal, Sou o Riso Dessa Gente", surpreendendo a maioria dos críticos. Um grande destaque deste ano foi a Águia de Ouro, que vinha apresentando bons desfiles anteriormente, mas chegou ao seu ápice em 2007. falando sobre artesanato, a escola da Pompeia levantou a arquibancada de um forma nunca vista na década de 2000, foi indicada como favorita pela crítica, e liderou boa parte da apuração, mas perdeu no quesito Evolução, e ficou com o 4º lugar.

Em 2008, a Vai-Vai vence pela décima terceira vez, com o enredo "Acorda Brasil! A saída é ter esperança". A agremiação da Bela Vista levou todo o público à loucura, que correspondeu fazendo uma emocionante e espontânea coreografia na arquibancada, nunca vista antes no carnaval brasileiro. Outra favorita era a Vila Maria, que como o Império no ano anterior apostou no gigantismo, trazendo o maior carro alegórico da história do carnaval brasileiro. Com muito luxo e um samba contagiante a Vila conquista o público, mas leva só o terceiro lugar. A Mocidade ganha o vice, retomando o enredo sobre a Cidade de São Paulo, e a Tom Maior tem seu melhor resultado, um 5º lugar, com o mesmo tema. Rosas de Ouro também leva o status de favorita, falando sobre perfume, com muito luxo e interação do público, a escola conquista um lugar nas campeãs. A Gaviões faz um péssimo desfile, considerado pelos críticos pior do que os de 2004 e 2006, mas levanta a arquibancada e se mantém no Grupo Especial. Águia de Ouro sofre com a quebra de um carro, e acaba sendo rebaixada. A esperada volta do Camisa decepciona, e a escola acaba rebaixada pela 3ª vez em sua história.

Em 2009, a Mocidade vence com o enredo "Da chama da razão ao palco das emoções… sou a máquina, sou a vida… sou o coração pulsando forte na avenida", com luxo e raça a escola leva o caneco. A Vai-Vai foi com um tema atual "Mens sana et corpore sano - O Milênio da Superação", que falava sobre saúde e higiene, mas acabou em segundo. Rosas de Ouro e Gaviões da Fiel Torcida, que conquistaram seus melhores resultados desde 2004. Mas os A Nenê de Vila Matilde foi rebaixada, devido a problemas em um dos carros. Mas os grandes destaques do ano foram Pérola Negra e Tom Maior, escolas que apresentaram sambas impecáveis, desfiles emocionantes e plasticamente perfeitos, mas acabaram em 9º e 11º lugar, respectivamente. O destaque negativo ficou por conta das tradicionais: O Camisa não conseguiu acesso para o Grupo Especial e A Unidos do Peruche amargou o último lugar e caiu. Mas o maior choque foi a queda de umas das maiores escolas de samba do carnaval brasileiro, a Nenê de Vila Matilde. A escola da Zona Leste sofreu com problemas como brigas com o carnavalesco, quebras de carros, inversão nas alas e falta de fantasias. Nem o melhor samba do ano (que falava sobre os 60 anos da escola) e a bateria mais famosa de São Paulo foram suficientes para segurar a escola, que disputará o carnaval 2010 no acesso, pela primeira vez em sua história.


Em 2010, A Rosas de Ouro se sagra campeã e conquista seu sétimo título, com o enredo sobre o cacau, terminando com a pontuação máxima (270 pontos). A Mocidade Alegre, considerada a grande favorita a levar o título, levantou as arquibancadas com o enredo sobre o espelho, o que lhe rendeu o vice-campeonato. O Vai-Vai que fez um belo desfile já no amanhecer de sábado, conseguir alegrar o público com seu enredo comemorativo de seus 80 anos de fundação e também de copas do mundo, conseguindo a 3º colocação. Surpresa foi a Mancha Verde que com um desfile técnicamente perfeito, conseguiu a melhor colocação de sua história, um expressivo 4º lugar, ficando a frente da sua rival escola, a Gaviões das Fiel que ficou na 5º colocação, enaltecendo o centenário de Corinthians, trouxe em seu desfiles vários jogadores do clube e até o Ronaldo, algo desagradável foi durante a apuração, integrantes da escola não gostaram de algumas notas baixas dadas começaram uma confusão onde a apuração teve que ser paralisada por alguns minutos. A Tucuruvi supreendeu, fez o melhor desfile de sua história sendo cotada ao título, mas por notas baixas no quesito evolução, a escola da Zona Norte acaba em 8º colocação. Imperador do Ipiranga e Leandro de Itaquera foram rebaixadas para o Grupo de Acesso e Nêne de Vila Matilde e Unidos do Peruche retornam ao Grupo Especial para o Carnaval de 2011.

 

 

Escolas de samba

A cidade de São Paulo possui cerca de 200 Agremiações Carnavalescas entre Escolas de Samba e Blocos (atuantes e extintas).

As mais tradicionais e mais vencedoras formam uma lista de 6 escolas: Nenê de Vila Matilde, Vai-Vai, Camisa Verde e Branco, Unidos do Peruche, Mocidade Alegre e Rosas de Ouro. A primeira dentre essas que surgiu como escola de samba foi a Nenê de Vila Matilde, a segunda escola da cidade (atrás apenas da Lavapés que é de 37). Fundada em 1949, foi responsável pela popularização do carnaval de São Paulo nas décadas de 50 e 60. É a segunda escola em número de títulos, com 11 no total. É tradicionalmente defensora de sua região de origem, a Zona Leste, onde possui uma enorme torcida. O Vai-Vai, foi fundado como cordão em 1930. Atualmente é a Agremiação mais antiga da cidade, mas há controvérsias, existem pessoas que dizem que a escola do bairro da Bela Vista, mais conhecido como Bixiga, teve sua fundação um pouco mais tarde, já os componentes dizem que a escola é mesmo de 1 de Janeiro de 1930. Essa escola é a que mais venceu o carnaval em São Paulo, com 13 vitórias e tem a maior torcida. O Camisa Verde e Branco surgiu em 1914 como grupo carnavalesco e se tornou cordão (assim como o Vai - Vai) na década de 1930, mas foi extinto. Ressurgiu em 1953 com o nome de Cordão Carnavalesco Camisa Verde e Branco. O nome dessa escola tradicional do bairro da Barra Funda se originou das vestimentas dos componentes de cordão que sempre desfilavam de camisas verdes e calças brancas, o Camisa Verde ganhou 9 títulos do carnaval de São Paulo. A Unidos do Peruche nasceu como escola de samba, e desfilou sempre entre as grandes da cidade. Possui 5 títulos e foi pioneira na Zona Norte da Cidade. Fundada em 1956, é muito respeitada apesar da má fase em que se encontra e é uma das escolas com maior número de vice-campeonatos. Mocidade Alegre e Rosas de Ouro, foram fundadas em 1967 e 1975 respectivamente, ambas como blocos carnavalescos. São duas grandes escolas da Zona Norte da cidade, a primeira do Bairro do Limão e a segunda nasceu na Vila Brasilândia, mas hoje fica no bairro ao lado, a Freguesia do Ó. A Mocidade conquistou sete títulos enquanto a Rosas de Ouro tem seis.

Outras escolas de samba também tradicionais porém menos vitoriosas são: Barroca Zona Sul, Imperador do Ipiranga e Morro da Casa Verde. Escolas também tradicionais no passado que buscam se firmar entre as grandes novamente após algum tempo paralisadas são Unidos de Vila Maria e Acadêmicos do Tatuapé, ambas fundadas na década de 50. A Vila Maria obteve mais sucesso nessa jornada por enquanto. A X-9 Paulistana em 15 anos seguidos de Grupo Especial conquistou torcida, títulos e muitos simpatizantes, e hoje é considerada uma das grandes. Leandro de Itaquera, Águia de Ouro e Acadêmicos do Tucuruvi fazem grandes carnavais, possuem grandes torcidas e são tidas em muitas vezes como favoritas, mas até agora nunca levaram o caneco pra casa. Escolas que vem se mantendo e muito bem no Grupo Especial são Tom Maior e Pérola Negra, com torcidas e histórias menos expressivas as escolas apresentam uma crescente incrível nos últimos anos. Colorado do Brás, Flor da Vila Dalila, Unidos de São Miguel, e Acadêmicos do Ipiranga são escolas tradicionais que já foram maiores, e hoje amargam fases ruins.

União das Escolas de Samba de São Paulo

 

Foi criada em 10 de setembro de 1973 quando as escolas de samba paulistanas obtiveram o seu reconhecimento público, pois naquela época a entidade auxiliava as agremiações a regularizar seus estatutos, profissionalizando os desfiles.

Em todos esses anos de existência, a UESP tem organizando apresentações carnavalescas em dezenas de bairros da cidade de São Paulo, bem como no Polo Esportivo e Cultural Grande Otelo - o Sambódromo. Atualmente a UESP conta com sessenta e oito (68) filiadas, entre Escolas de Samba de divisões inferiores e Blocos Carnavalescos.

É responsável pelos desfiles oficiais de domingo, segunda e terça-feira de Carnaval, no Sambódromo, e em diversos bairros da Cidade de São Paulo, onde são realizados, outros eventos carnavalescos, que atrai um público de cerca de um milhão de pessoas.

A UESP desenvolve projetos em conjunto com suas filiadas, visando à construção e o fortalecimento das comunidades.